Abstract
O artigo analisa a produção poética de Roberta Camila Salgado, que, entre 1964-1965, compôs os poemobjetos que viriam a integrar a instalação ambiental Tropicália, de Hélio Oiticica, exibida em 1967 na célebre exposição “Nova Objetividade Brasileira”. Relacionando a escrita poética com materiais como cerâmicas de telhado, blocos de tijolo, isopor e placas de madeira, a poeta torna tais materiais industrializados intrínsecos ao poema. O poemobjeto apresenta-se como uma conexão direta com o ambiente circundante; a poesia transforma-se em matéria aparentemente sem centrali-dade na atenção do leitor-participante, que passa a experienciá-lo como descoberta inesperada. Em suma, o presente artigo pretende examinar como a materialidade dos poemobjetos de Roberta Camila Salgado se situa dentro da esfera de produção poética brasileira.
This article aims to analyze the poetic production of Roberta Camila Salgado. Between 1964-1965 she created the poemobjetos [poemobjects], that would become part of Tropicália, an environmental installation created by Hélio Oiticica in 1967 and launched in the seminal exhibition “Nova Objetividade Brasileira”. Camila Salgado’s poetic writing uses materials such as roofing ceramics, brick blocks, Styrofoam and wooden boards. It appropriates the unusual aspect of those industrialized materials and makes them intrinsic to the poem. In this sense, the poemobjeto presents itself directly connected to the environment. Poetry becomes a sort of materiality that does not intend to control the attention of the observer/reader, who experiences it as an unexpected discovery. In short, this article intends to examine how Roberta Camila Salgado’s poemobjetos and their materiality situate themselves within the Brazilian poetic milieu.