Abstract
“Interminável onça!”, remata Micheliny Verunschk no seu mais recente romance, O som do rugido da onça (2021). A partir dessa epígrafe e da onça como Leitmotiv em cada um dos autores aqui convocados, este ensaio aborda primeiro as suas origens dentro da literatura e cultura brasileiras, recorrendo a textos de Ariano Suassuna e Alberto Mussa. Esses textos servirão como chave de leitura, assim como o perspetiv-ismo ameríndio de Eduardo Viveiros de Castro. Propõe-se uma re!lexão crítica e comparativa da linguagem metamór!ica no conto “Meu tio, o Iauaretê” (1961), de João Guimarães Rosa, e do romance acima mencio-nado, na qual se aponta para aspetos análogos nestas narrativas, sempre na presença da onça como motivo central: primeiro, ao mostrar um jogo de poder entre a voz domesticada e o silêncio selvagem, composições só aparentemente contraditórias, para depois alcançar o lugar comum da transcendência, o lugar da escuta.
Palavras-chave: onça; iauaretê; linguagem; Micheliny Verunschk; João Guimarães Rosa.