Abstract
Neste ano de 2022, entre homenagens entusiasmadas e posicionamentos contestadores, o centenário da Semana de Arte Moderna é marcado por revisões críticas acerca das tramas da consagração do referido evento. A abertura dos arquivos de seus participantes pode oferecer outras camadas de leituras não somente sobre a Semana, mas também, e especialmente, acerca da dinâmica da vida e do entorno social de figuras célebres do modernismo para além daquela efeméride. A consulta de anotações, correspondências e diários, aliada ao seu inconteste valor literário e apesar do acúmulo de informações – que, no caso do discurso diarístico, podem mais esconder do que supostamente revelar, – permite o exercício de uma mirada crítica mais ampla, sem aprisionar as personalidades modernistas no período festivo da Semana de 22. Neste sentido, o até então inédito Diário confessional, de Oswald de Andrade, organizado por Manuel da Costa Pinto e editado este ano pela Companhia das Letras, é uma contribuição ímpar ao apresentar uma contranarrativa feita pelo próprio Oswald, agora apartado daquela etapa mais vigorosa e juvenil de sua vida.