Abstract
Traduttori traditori, ao que parece, surge de uma coleção de provérbios toscanos. Trata-se de uma fórmula que vira e mexe não tarda em aparecer em discussões sobre a tradução. Mas a tradução é uma arte que, no livro de André Capilé e Guilherme Gontijo Flores, pode ser considerada dos metais. Arte da forja, arte do corte. Tradução-Exu é um ensaio que expõe a arte das encruzilhadas das línguas, das culturas, dos corpos, dos gestos transportados do alto para o baixo, da direita para a esquerda, com a força do vice-versa para, assim, manter presente não apenas as mais variadas direções como também o valor do próprio trânsito. Alguém já viu Exu parado? Não é necessário se enganar, pois mesmo parado ele está em movimento. Exu pode ser entendido como o mestre da encruzilhada, ou ainda o X que separa o “eu”, sendo um gesto que ultrapassa qualquer realização puramente formal, porque Exu é forma-conteúdo indistinta. Exu não é o sentido que falta, mas o que salta, que brinca de uma palavra a outra, que trapaceia, que prega peças, além de animar o espírito do texto.